Para melhor compreender a organização e a prática educativa do Instituto Farina, definiu-se um referencial teórico que dá suporte à prática pedagógica, cuja denominação recebida é “Sociointeracionista numa perspectiva libertadora”, seguindo as linhas de pensamento do russo Lev Vygotsky, o brasileiro Paulo Freire e tendo como respaldo a linha de trabalho herdada do Fundador da Congregação, São João Antonio Farina.

Acredita-se que a produção do conhecimento se dá através da interação do sujeito com o meio, a partir da influência cultural, o que para Vygotsky constitui a valorização do real. Esse aprendizado torna-se ainda mais sólido quando há, por parte do educador a valorização do conhecimento, das experiências já acumuladas pelo educando, algo defendido por Paulo Freire, que enfatiza a necessidade de se conhecer essa realidade. Só assim o aprendizado do conhecimento teria mais significação, pois torna-se parte do projeto de vida do próprio sujeito, protagonista da sua história.

Nessa perspectiva, acredita-se que o educador-facilitador seja aquele que orienta e ajuda a construir e a dar sentido ao conhecimento. Para ambos os teóricos, assim como para São João Antonio Farina, o professor tem a função de mediador, organizador e assimilador do conhecimento que terá caráter dialógico, articulado com a vivência da criança, pois o conteúdo a ser elaborado ou reelaborado é impregnado da existência humana.

A educação que o Farina promove para a sua clientela segue o ideal do fundador da Congregação cuja principal preocupação é a pessoa humana, e Paulo Freire também defende uma educação que responde às exigências do tempo e que melhore e eleve a condição dos mais pobres e oprimidos, devendo ir ao encontro destes.
Um trabalho assim proporciona uma assistência personalizada para que o sujeito supere suas dificuldades, mas não limite a sua capacidade de aprender, principalmente o aprender a pensar, aprender com o outro, respeitando a identidade deste. A escola Farina, no bojo do seu trabalho, estrutura-se para oferecer aos seus alunos um conhecimento que seja dialético, comparativo e voltado para esse novo homem que tenta vivenciar a sua cidadania, um dos princípios herdados do fundador pela congregação, que enfatiza a escola como um espaço de trabalho, em prol da vida e do empenho civil e cristão, uma pedagogia também cristã, ou seja, capaz de julgar e fazer escolhas, respondendo ao chamado da igreja e contribuindo desse modo para o bem comum de uma sociedade moralmente mais humana e cristã. Essa proposta educativa é lembrada por Paulo Freire também quando destaca em sua teoria uma concepção de educação voltada para a formação do indivíduo capaz de construir uma concepção de mundo através de uma leitura crítica e reflexiva.

Esse conhecimento que, segundo Vygotsky, é construído pela aprendizagem na relação com os outros (socialização), é um aprendizado contínuo que deve ser aprimorado pelo educando. Dessa forma, Paulo Freire e Lev Vygotsky nos lembram que o professor é parte preponderante desse processo, na medida que incentiva o educando a entender seu papel na sociedade.

O Instituto Farina demonstra isso claramente na sua filosofia de trabalho quando insere na sua estrutura curricular atividades que suscitam uma ação cultural, transformadora e libertadora das condições de vida dos menos favorecidos, onde a comunidade educativa estimula a vivenciar os princípios da solidariedade e caridade, baseados na afetividade, tão defendidos por São João Antônio Farina. Tal práxis se concretiza a partir do momento em que o indivíduo torna-se consciente do seu papel como multiplicador na sociedade, propagando uma pedagogia libertadora, coletiva e não individual. Portanto, toda ação cultural que permeia o processo educacional desta escola tem como essência atividades voltadas para práticas de trabalho em grupo, atividades de linguagem usadas como intermediação e produção do conhecimento.

Essas práticas favorecem no aluno o desenvolvimento da inteligência, pois são permeadas de conteúdos atitudinais significativos e que contribuem para o resgate e conservação de valores e princípios que foram estruturados pelo fundador São João Antônio Farina, objetivando fundamentar a obra educativa da instituição.